Aedes
É preciso abrir a porta para a prevenção
Em ação no Simões Lopes, bairro com mais focos do mosquito da dengue em 2021, agentes de saúde têm se deparado com a resistência de moradores
Carlos Queiroz -
Durante esta quinta e sexta-feira, uma ação educativa de combate ao Aedes aegytpi acontece no Simões Lopes, bairro que teve o maior número de focos do mosquito no ano passado. Servidores da Vigilância Ambiental percorrem o local com o intuito de informar à população sobre os perigos e modos de prevenção, além de inspecionar ambientes que costumam abrigar a proliferação de larvas. O impedimento dos agentes em adentrar as residências tem sido o maior desafio e pode ser a razão de um futuro surto de doenças relacionadas ao inseto.
Na tarde desta quinta-feira, a reportagem do Diário Popular acompanhou o trabalho da equipe da Vigilância. A agente de combate a endemias, Maristela Figueiredo, relata que durante a manhã muitas pessoas se negaram a deixar a equipe entrar nos pátios, cenário que não foi diferente à tarde. "Muitas pessoas estão equivocadas. Quando a gente entra na casa a primeira coisa que perguntam é 'vão aumentar meu IPTU?'. Outras têm medo, já que muitas pessoas se passam por agentes de saúde, embora a gente esteja paramentado". Durante as visitas é importante que o morador se atente: os agentes sempre utilizam crachá, colete e bolsa com identificação da prefeitura de Pelotas.
A falta de informação também é uma das razões. A agente de saúde explica que algumas pessoas, por não entenderem o procedimento em caso de constatação da larva do mosquito, evitam a equipe. "A maioria que deixa a gente entrar, o ambiente está direitinho. Muitas vezes a resistência é porque a pessoa sabe que tem algo errado e não quer deixar a gente ver, e não podemos forçar". Maristela pontua que, quando há foco, uma amostra é enviada à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde um biólogo examina se trata-se ou não do Aedes aegypti. Após o diagnóstico, em caso positivo, a Vigilância retorna e coloca veneno no local, com intuito de matar a larva. "Não existe multa ou algo do tipo", ressalta.
Enquanto diversos moradores são contra a entrada de agentes da Vigilância Ambiental, o número de focos no ano passado foi preocupante. Um balanço anual realizado pela SMS aponta que em 2021 foram encontrados 88 focos de Aedes. Entre eles, 65 da espécie aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika vírus e chikungunya. Do total, mais de 75% (88 casos) foram localizados no bairro Fragata, com maior parte no Simões Lopes.
Atenção redobrada
Embora haja maior prevalência durante o período de temperaturas altas, Maristela explica que deve haver atenção em todas as épocas do ano. "Antes não apareciam focos no inverno, agora o mosquito está se adaptando ao nosso clima. Claro que a incidência é bem maior no verão, porque aquece, chove e é o que eles gostam".
Enquanto isso, utensílios como potes, pratos, pneus e piscinas seguem sendo os locais mais propícios para o acúmulo de água e, consequentemente, para se tornarem morada das larvas. "Se podemos destacar algo que os mosquitos mais adoram são os pneus e as pessoas adoram acumular em casa. É uma boa moradia porque é escurinho, acumula água limpa da chuva e bate sol", explica a servidora da Vigilância Ambiental.
Em uma das casas que recebeu visita na tarde desta quinta, um pneu estava escorado na parede, em local descoberto, mas sem água e com areia dentro, o que é recomendado. A moradora, uma idosa que não será identificada, conta que tem descartado utensílios que não são mais utilizados, caso do objeto que já iria para o lixo. "Além disso, coloco os potinhos de água dos animais dentro de casa e troco toda hora, evito deixar isso na rua. A gente tem que cuidar da gente e dos vizinhos também", pontua.
No verão, o cuidado também deve ser redobrado em relação às piscinas. Manter água acumulada por um longo tempo não é mais o único perigo. A agente de saúde explica que anteriormente a larva tinha um habitat apropriado em água parada e suja. Atualmente a água limpa também torna-se lar para o futuro inseto. A dica é colocar duas gotas de cloro na água, assim ela dura mais e evita o aparecimento de focos.
Combata o mosquito:
- Mantenha bem tampado tonéis e barris de água
- Lave semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água
- Mantenha a caixa-d'água bem fechada. Coloque também uma tela no ladrão da caixa
- Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de escorrer pelas calhas
- Não deixe água acumulada sobre a laje
- Encha os pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda ou lave-os uma vez por semana
- Troque a água dos vasos de plantas aquáticas e lave-os com escova, água e sabão uma vez por semana
- Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada
- Feche bem os sacos de lixo e deixe-os fora do alcance de animais
- Mantenha as garrafas com a boca virada para baixo, evitando o acúmulo de água
- Pneus devem ser acondicionados em locais cobertos
- Faça sempre a manutenção de piscinas ou fontes utilizando os produtos químicos apropriados
- Caso o ralo não seja de abrir e fechar, coloque uma tela fina para impedir o acesso do mosquito à água
- Coloque areia dentro de todos os cacos que possam acumular água
- Não deixe água acumulada em folhas secas e tampas de garrafas
- Os vasos sanitários fora de uso ou de uso eventual devem ser tampados e verificados semanalmente
- Limpe sempre a bandeja do ar condicionado para evitar o acúmulo de água
- Lonas usadas para cobrir objetos ou entulhos devem ser bem esticadas para evitar poças d'água
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